Por Rodrigo Rocha, profissional com Certificação CFP®

Não é segredo para ninguém que o maior aliado das aplicações financeiras é o tempo: o poder dos juros compostos pode transformar pequenos aportes mensais em grandes valores ao longo dos anos. Diante desse cenário, quanto antes começarmos a investir melhor será para nossa saúde financeira. Em alguns países desenvolvidos, quanto a criança nasce o primeiro presente que ganha é um lote de ações de alguma grande companhia. Em nosso país ainda não temos essa cultura, mas mudar isso é uma questão de hábito e pode fazer muito bem para a saúde financeira de nossos filhos e netos.

No Brasil, com o registro de nascimento a criança já é cadastrada no CPF e, com este número, já pode ter uma conta de investimento aberta em seu nome. Ao contrário de outros países, no Brasil temos um excelente portfólio de títulos de renda fixa, com boa rentabilidade e baixo risco. Assim, podemos iniciar a formação de uma poupança para as crianças sem a necessidade de expor esses valores às incertezas da renda variável, como no caso das ações. Por exemplo, uma aplicação em um título de renda fixa de R$ 250,00 por mês, dos 0 aos 18 anos, gerará um valor superior a R$ 100.000,00 considerando-se a taxa média da Selic dos últimos 20 anos.

Será uma ótima oportunidade para essa criança chegar no início da vida adulta já com uma reserva financeira. Essa é apenas uma parte do processo, pois além da abertura da conta e dos aportes mensais, é muito proveitoso envolver a criança em todas as etapas tão logo ela tenha capacidade para entender sobre dinheiro (normalmente, a partir dos 6 anos). Mostre à criança os extratos mensais do investimento para ela ver que, além dos aportes, os juros aumentam o saldo da conta. Explique que este é um investimento para o futuro, que estão deixando de ter algum gasto com algo que gostamos hoje para colhermos mais frutos no amanhã.

Ensinar a criança a lidar com dinheiro desde pequeno é de grande importância, assim formaremos mais adultos financeiramente responsáveis. Uma forma de contribuir ainda mais com esse processo é disponibilizar também um orçamento para a criança, seja semanal, quinzenal ou mensal, e auxiliá-la no controle desse dinheiro, cuidando para que não acabe antes do próximo período de recebimentos. Além disso, é importante incentivar que ela sempre aplique uma pequena parte do orçamento na conta investimento.

Esses ensinamentos devem ser conduzidos de forma clara e tranquila com a criança, para ela aprender como uma brincadeira e não como uma tarefa desgastante, fazendo com que, no futuro, lidar com dinheiro seja algo natural e não uma grande dificuldade como ocorre com alguns adultos hoje.

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