Educação Financeira

#190 — A rentabilidade na renda fixa

2 de janeiro de 2023

Por Rodrigo Rocha, profissional com certificação CFP® 

As incertezas econômicas dos
últimos meses ainda devem perdurar por mais algum tempo. Diante deste cenário,
os títulos de renda fixa — principalmente os RDCs de cooperativas e CDBs de
bancos — têm sido um excelente porto seguro para investidores que não querem
correr riscos ou ficar expostos às grandes volatilidades apresentadas nos
ativos de renda variável como ações, dólar e afins.

Com a taxa básica de juros da nossa
economia, a famosa taxa SELIC a 13,75% ao ano, estes títulos de renda fixa
podem chegar a superar a rentabilidade de 1% ao mês.

No momento de analisar esta
modalidade de investimentos é importante entendermos alguns conceitos
financeiros, para que possamos compreender exatamente como é esta rentabilidade
e como ela interfere no seu dinheiro ao longo do tempo.

O primeiro conceito importante é
o de juro real. A rentabilidade que pode chegar a mais de 1% ao mês é a
rentabilidade total do investimento, chamada em finanças de rentabilidade
nominal. Porém, como já visto em outros artigos por aqui, o dinheiro sofre
perda de seu poder de compra durante o tempo devido à inflação. Diante disso,
para sabermos o quanto de dinheiro realmente estamos “ganhando” com um
investimento, precisamos descontar da rentabilidade nominal a taxa de inflação
do período, chegando assim ao juro real da aplicação financeira. Considerando a
inflação de dezembro de 2021 a novembro de 2022, que foi de 6,17% ao ano, um
investimento que renda nominalmente 13,75 ao ano terá um juro real de 7,58% ao
ano (o que é uma das maiores taxas de juros reais do mundo!).

Outro conceito importante é o de rentabilidade
bruta e rentabilidade líquida. Normalmente os produtos de
investimento apresentam a rentabilidade bruta, porém a grande maioria dos
títulos possui a incidência de impostos cobrados pelo governo sobre a
rentabilidade das aplicações. Na maioria dos investimentos de renda fixa ocorre
a cobrança de imposto de renda sobre os rendimentos, que pode variar de 15% a
22,5% do total recebido como remuneração dependendo do tempo que os recursos
ficarem aplicados. Para investimentos que fiquem aplicados por períodos
inferiores a 30 dias, ainda pode ocorrer a cobrança de IOF. Para obtermos a
rentabilidade líquida de um investimento, descontamos da rentabilidade bruta
apresentada todos os impostos que incidem sobre os recursos investidos.

E por fim, um conceito extremante
importante para investimentos financeiros é o de juros compostos. No
jargão popular, os juros compostos são os famosos juros sobre juros, onde a
rentabilidade de um período se soma ao valor total do investimento para
calcular a rentabilidade do próximo período.

Os títulos de renda fixa
vinculados ao CDI utilizam este tipo de cálculo, por isso a rentabilidade
mensal apresentada não é simplesmente o resultado da divisão da taxa Selic por
12 meses, o que daria 1,145% ao mês. É necessário decompor a taxa Selic a fim
de se conhecer exatamente o valor nominal dos juros para o mês. Outro ponto que
devemos considerar neste cálculo é que a rentabilidade ocorre apenas em dias
úteis, descontados do cálculo os finais de semanas e feriados nacionais, o que
acaba por interferir no valor nominal dos juros. Desta forma, os juros nominais
do mês a mês ficam abaixo dos 1,145%, mas sua rentabilidade efetiva em um ano
inteiro atinge os 13,75 do exemplo.

E é isso!
Entendendo a rentabilidade dos investimentos, podemos tomar as melhores
decisões e aproveitar as melhores oportunidades!

Ficou alguma dúvida? Escreva pra
gente em contato@sisprimedobrasil.com.br
e bons investimentos.

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