O economista Roberto Dumas, reconhecido por sua ampla expertise em temas relacionados à economia internacional, finanças e cenários econômicos, esteve em Maringá, Londrina e Cascavel a convite da Sisprime do Brasil nos meses de julho e agosto para realizar palestras aos cooperados sobre análises de cenários econômicos no Brasil e no mundo. Segundo ele, o Brasil está sendo percebido pelo mercado internacional como a melhor opção entre os países emergentes. “Temos problemas, mas eles estão controlados em comparação aos demais países deste grupo”, afirmou.

Dumas citou deflação, taxa de juros controlada, arcabouço fiscal e reforma tributária como parâmetros para a atração de investidores neste momento, o que está se refletindo na cotação mais baixa do dólar. “O que limita o crescimento do Brasil é a baixa produtividade do trabalhador. Ao aumentar salários sem aumentar a produtividade, a inflação cresce. É preciso investimento em educação básica e em saneamento. A falta de abastecimento de água e de tratamento de esgoto em muitas regiões do país tem impacto direto na formação do futuro trabalhador, tanto em aspectos relacionados à saúde quanto à capacidade educacional”, destacou.

Na análise do PIB brasileiro, Dumas ressaltou a importância do agronegócio que, segundo ele, foi o responsável pelo crescimento de 1,9% nos primeiros três meses de 2023, impulsionando o setor de serviços. “Todos os indícios mostram que a guerra na Ucrânia está longe de ser encerrada e o Brasil pode se beneficiar deste momento pela sua produção de alimentos. A decisão da China em alimentar suínos com ração também abre oportunidades para a exportação de soja e milho brasileiros. É importante entender esses movimentos para aproveitar novos mercados”, salientou.

A China, segundo Dumas, está mudando o seu modelo de crescimento econômico para que possa crescer mais por consumo interno já que a produção chinesa é volumosa. “Para isso, o governo está proporcionando aumento de renda da população e estimulando a urbanização. É importante questionar sobre quais serão as consequências para as empresas que importam ou exportam para a China. Outro alerta é sobre a dependência da indústria de semicondutores de Taiwan. O governo chinês já disse que pretende incorporar o território. As empresas brasileiras precisam pensar em novos fornecedores para não ficarem à mercê das consequências de uma guerra anunciada”, afirmou.

Outros cenários analisados por Dumas estiveram relacionados à recessão na Europa que, sendo ele, deve aumentar, e à política monetária dos Estados Unidos que caminha para estimular a baixa da inflação. “As decisões geopolíticas em todos os continentes interferem diretamente nos mercados. É importante estar informado e saber olhar os movimentos para a tomada de decisões antecipadas e embasadas em análises macro”, ressaltou.

Sobre a disponibilização de crédito no Brasil, Dumas alertou para o momento atual em que as instituições financeiras de maior porte estão vivenciando a inadimplência de grandes players do mercado e temerosos com a disponibilização de recursos. “A oferta de crédito está menor ou com spread muito alto. Nesse cenário, as cooperativas têm uma janela de oportunidade. Em relação aos investimentos, é importante perceber os indícios que apontam para a queda na taxa de juros nesse segundo semestre, o que pode ser sugestivo para a contratação de investimentos com taxas pré-fixadas”, adiantou.

Em relação à tributação no Brasil, o economista destacou que, até agora, a Reforma Tributária vem sendo vista como ‘melhor do que se esperava’. “O mercado está gostando da reforma tributária, por isso o câmbio está baixando. Mas ainda irá passar pelo Senado e é preciso acompanhar já que possíveis alterações podem trazer impactos positivos ou negativos para profissionais e empresas, assim como é necessário monitorar as decisões políticas e econômicas nos mercados interno e externo. O cooperativismo de crédito ajuda nestas análises ao disponibilizar educação financeira aos seus cooperados, outra vantagem deste segmento”, afirmou.

SOBRE ROBERTO DUMAS

Na sua trajetória, Dumas já atuou no Banco dos BRICS em Shanghai, um dos principais centros financeiros mundiais, nas áreas de operações estruturadas e risco de crédito. Foi também representante do banco Itaú BBA em Shanghai e atualmente é professor de Economia Internacional e Economia Chinesa no Insper, Ibmec São Paulo, Fundação Instituto de Administração (FIA-USP) e Saint Paul Business School.

Autor de livros de referência sobre economia mundial, Roberto Dumas é reconhecido pela sua expertise em temas relacionados à economia internacional, finanças e cenários econômicos, e seu vasto conhecimento e experiência tanto no mercado financeiro quanto na área acadêmica. É Mestre em Economia pela Universidade de Birmingham na Inglaterra, Mestre em Economia Chinesa pela Universidade de Fudan (China), graduado e pós-graduado em administração e economia de empresas pela FGV e Chartered Financial Analyst conferido pelo CFA Institute (USA).